Abade de Neiva (Freguesia do Concelho de Barcelos, Distrito de Braga):
O determinativo toponímico "de Neiva", não é originário, e aplicou-se ao nome desta freguesia para distinguir da outra freguesia do nome, na "terra" ou concelho de Vermoim (hoje, Vila Nova de Famalicão) e daí Abade de Vermoim, dizendo-se esta Abade de Neiva, por existir na "terra" ou concelho de Neiva (já no século Xlll de cabeça em Barcelos).
É errado dizer-se "do Neiva", visto que nada tem com o rio deste nome, mas com a circunscrição medieval assim chamada, pelo que se deve dizer-se "de Neiva". A designação da paróquia era simplesmente Abade ou, melhor, Santa Maria do Abade, uma das paróquias da "terra" ou julgado medieval de Neiva. Não é fácil saber-se exactamente a origem do topónimo Abade: as Inquisições de 1258 já lhe chamam em latinismo Abbade e as de 1220 exactamente igual. Não se trata de um genitivo de nome pessoal, como abadim, que é diminutivo deste nome, cuja forma, pois, deve ser Abbate inicialmente tirado de "abba", o abade.
(Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
Em 1152 - A rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, procurou fundar aqui um mosteiro, obra que não chegou a concluir por entretanto falecer; 1220 - A igreja era do padroado real; 1258 - A igreja continua do padroado real; 1301 - Doada por D. Dinis a Mestre Martinho, físico do Rei e Cónego da Sé de Braga; 1310 - O Arcebispo D. Martinho de Oliveira, a pedido de Mestre Martinho, institui nesta igreja uma Colegiada, composta de Reitor e três Capelães; séc. 14 princípios - Datação sugerida por Almeida (1978 / II, 174) para os começos da fábrica da actual igreja, o que poderia relacionar-se com a doação do padroado e a instituição da Colegiada; 1410 - Doada a D. Afonso, futuro 1º Duque de Bragança, em cuja casa se manteve até 1833; séc. 15 - Datação sugerida por Almeida (1978/II, 174) para a obra da torre; 1732 - Foi mandada consertar a galilé então existente sobre a fachada principal; 1734 - Foram mandados abrir 2 campanários na torre e erguer um coro; 1744 - Foi mandado pintar o tecto e rebocar as paredes da capela-mor e da nave; 1758 - Manda-se reformar as paredes do adro; 1802 - Data gravada no portão do Cemitério Paroquial; 1831 - Apresentava estado de ruína; 1904 - Mandaram-se fazer obras de reconstrução na parede da frente, que ameaçava ruína, e remover o soalho do corpo da igreja ...
Igreja de Santa Maria do Abade de Neiva ** abaixo os protagonistas da história da igreja
Inventário do Património Arquitectónico
Igreja de Santa Maria do Abade de Neiva
Igreja de Santa Maria do Abade de Neiva IPAMonumento Nº IPAPT010302010008 DesignaçãoIgreja de Santa Maria do Abade de Neiva LocalizaçãoBraga, Barcelos, Abade de Neiva AcessoEN 103 (Barcelos - Viana), a 100 m, lug. da Igreja; Fl. 69 ProtecçãoMN, Dec. nº 14 425, DG 228 de 15 Outubro 1927 EnquadramentoRural. Situa-se em local elevado, a meia encosta de um monte, sobranceiro à EN (Barcelos - Viana do Castelo), e rodeada pelo adro, cemitério paroquial, jardim público e habitações de pequena altura. DescriçãoPlanta composta por nave longitudinal e capela-mor rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de 2 águas. Fachada principal com portal sem tímpano, alto e esguio, de arco quebrado; tem 4 arquivoltas, apoiadas em 8 colunas de fuste liso e capitéis historiados, antropomórficos, como um tocador de viola de arco e uma bailadeira, e zoomórficos, como um par de aves bebendo do mesmo vaso. Sobre a porta principal abre-se um óculo redondo. As portas laterais são de arco quebrado, ainda mais goticizantes do que a principal. A meia altura, abrem-se pequenas frestas muito simples. Ao nível da cornija, ainda nas paredes laterais da nave, corre um sistema de modilhões de tipo românico, onde figuram caras, peixes, pipos, cabeças de animais como de touros e de porcos, séries de bolas e até um escudo pós-dionisíco, que se encontra do lado N. Já nas paredes da cabeceira, a cornija apoia-se em duplos cachorros de proa, segundo a maneira gótica. No interior, o arco triunfal é levemente quebrado, com duas colunas de fuste liso. Na testeira da capela a iluminação faz-se por janelão gótico de duas luzes com óculo quadrilobado. As paredes estão cobertas de siglas, muitas das quais alfabéticas. Ao lado da frontaria da igreja, da banda S., existe uma forte e larga torre, relativamente baixa, coroada de merlões piramidais. Descrição ComplementarNão definido Utilização InicialCultual Utilização ActualCultual PropriedadePública: Estatal AfectaçãoNão definido Época ConstruçãoSéc. 14 / 18 Arquitecto | Construtor | AutorNão definido Cronologia1152 - A rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, procurou fundar aqui um mosteiro, obra que não chegou a concluir por entretanto falecer; 1220 - A igreja era do padrodo real; 1258 - A igreja continua do padroado real; 1301 - Doada por D. Dinis a Mestre Martinho, físico do Rei e Cónego da Sé de Braga; 1310 - O Arcebispo D. Martinho de Oliveira, a pedido de Mestre Martinho, institui nesta igreja uma Colegiada, composta de Reitor e três Capelães; séc. 14 princípios - Datação sugerida por Almeida (1978 / II, 174) para os começos da fábrica da actual igreja, o que poderia relacionar-se com a doação do padroado e a instituição da Colegiada; 1410 - Doada a D. Afonso, futuro 1º Duque de Bragança, em cuja casa se manteve até 1833; séc. 15 - Datação sugerida por Almeida (1978/II, 174) para a obra da torre; 1732 - Foi mandada consertar a galilé então existente sobre a fachada principal; 1734 - Foram mandados abrir 2 campanários na torre e erguer um coro; 1744 - Foi mandado pintar o tecto e rebocar as paredes da capela-mor e da nave; 1758 - Manda-se reformar as paredes do adro; 1802 - Data gravada no portão do Cemitério Paroquial; 1831 - Apresentava estado de ruína; 1904 - Mandaram-se fazer obras de reconstrução na parede da frente, que ameaçava ruína, e remover o soalho do corpo da igreja. TipologiaArquitectura religiosa românica e gótica. Igreja rural românica de planta longitudinal, mas já com portais e janela da capela-mor góticos. Características ParticularesÉ um exemplo muito significativo de quanto a nossa arquitectura medieval rural ficou presa aos hábitos românicos de construir (ALMEIDA 1978 / 172). Nada indicando que o corpo da igreja, embora menos evoluído arquitectonicamente do que a capela-mor, lhe seja anterior, terão existido dois mestres diferentes. O da capela-mor, mais actualizado e conhecedor da evolução da arte de construir, e o do corpo da igreja, talvez local e de gosto arcaizante. Dados TécnicosParedes autoportantes. MateriaisGranito, cobertura de madeira de castanho, pavimento de cantaria e madeira. BibliografiaDGEMN, Igreja de Santa Maria de Abade de Neiva, Boletim nº 90, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; ALMEIDA, C. A. Ferreira de, Arquitectura Românica Entre Douro e Minho, Porto, 1978, p. 172 - 174; idem, Geografia da Arquitectura Românica in História da Arte e Portugal, vol. 3, Lisboa, 1986, p. 50 - 131; FONSECA, Teotónio da, O Concelho de Barcelos Aquém e Além Cávado, Barcelos, 1987, vol. I, p. 45 - 55; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, vol. II, Lisboa, 1993, vol. II. Documentação GráficaDGEMN, DSID Documentação FotográficaDGEMN, DSID Documentação AdministrativaDGEMN, DSID Intervenção RealizadaDGEMN: 1943 - Reparação da cobertura; 1946 - Reparação cobertura, restauro da rosácea, reposição de frestas e vitrais, demolição da sacristia; 1947 - Substituição de pavimentos; 1952 - remoção de 2 altares da renascença; 1955 - Desmonte dos altares de talha, reconstrução da cachorrada, cintagem das paredes, construção de nova armação da cobertura; 1956 - obras de restauro; obras de conclusão do restauro da capela-mor; 1957 - prosseguimento das obras de restauro; 1958 - obras de conclusão do restauro; 1957 / 1958 - Cobertura e coroamento da torre, cobertura e pavimento da sacristia; 1965 - transporte de altares existentes e sua arrecadação na Igreja da Serra do Pilar; 1972 - reparação dos estragos do último temporal; 1973 - limpeza de telhados e pintura de portas; 1982 - obras de conservação; 1985 - ampliação do cemitério da freguesia no interior da Zona de Protecção. ObservaçõesNão definido Autor e DataIsabel Sereno / Paulo Dordio 1994 ActualizaçãoNão definido